quinta-feira, 15 de abril de 2010

Anônimos,

Saibam que, aparentemente, não sou uma pessoa muito difícil de lidar. Minha calmeza perante algumas situações chega ao ponto de me dar raiva. Por diversas vezes deixo de falar ou fazer algo em função de uma força que me puxa para dentro.
Em contrapartida, sou extremamente complexa. Minhas atitudes não condizem com meus pensamentos, e o contrário acontece da mesma forma.
Já perdi as contas de quantas vezes passei por alguém fingindo que não o notava, que não me importava. Já deixei de perguntar ou dizer algo relevante por orgulho ou vaidade. Já fui autora das brincadeiras de mau gosto que tanto recriminava em outrem. Já menti ao dizer que amava alguém. Já fiz coisas com as quais não concordava.
Minha relação com a escrita não chega a ser diferente. Foram tantas as mentiras que contei para o papel. Foram tantas as palavras de amor atiradas ao relento, que não tinham nenhuma finalidade, a não ser me embevescer. Foram tantas as frases escritas que nem eu mesma saberia decifrar. Mas foi tudo feito com tanto carinho, tanta fidelidade, que cheguei a sentir tudo o que escrevia. Cheguei a escrever tudo o que sentia. Na verdade, acho que o escrever e o sentir acontecem juntos e na mesma proporção. Algumas vezes não se sabe o momento em que o sentimento virou escrita, ou escrita virou sentimento.
No mais, fico quieta no meu canto, construindo textos que habitarão somente a minha mente, vivendo num mundo imaginário com as pessoas perfeitas. De vez em quando dou-me o luxo de falar algumas besteiras, e rir das coisas mais idiotas. Também tento obstinadamente me livrar do vício pelos “que”.
Às vezes, escrevo coisas inspiradas por alguém – ou talvez sempre. Faço uso de tantos símbolos e metáforas que é praticamente impossível desvendar qualquer tipo de informação a respeito da identidade de meus musos e musas – e é proposital. Mas tal feito é infinitamente mais fácil através de composições musicais, infinitamente.
É , talvez eu seja apenas humana. Não. Humana não. (A humananidade está perdida. Embora eu também esteja, mas de um modo diferente.) Sou um vazio incomensurável no peito ou uma palavra que demorou demais para ser dita.

Até breve.

4 comentários:

  1. muito bom, voce se descreveu de uma forma sincera e humana. adorei ;)
    voce escreve muito bem

    beijo

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  2. Nossa, me coloquei na sua situação. Gostei do texto, ele foi gostoso de se ler *-*. Interessante e ao mesmo tempo uma leitura que me prendeu. Gostei bastante :)

    Seguindo o blog. Beijos.

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  3. As palavras que nos saem e só depois sentimos podem trazer sentimentos que até nos habitavam mas estavam ocultos. Ou quem sabe desejos?
    Fiquei feliz com teu blog novo! Mas não suma!

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